Em quatro anos, as
salas de aula das universidades estarão mais distantes do modelo
"professor falando, alunos tomando nota" e mais próximas do universo
tecnológico. É o que aposta um estudo divulgado pelo New Media Consortium,
grupo americano que pesquisa tecnologias e tendências educacionais, feito com
53 pesquisadores de treze países, incluindo o Brasil.
O levantamento aponta tecnologias e práticas apoiadas nessas inovações (confira destaques na lista abaixo) que já estão transformando as universidades. O horizonte final do estudo é o ano de 2018. Invenções recentes — como as impressoras 3D e os acessórios inteligentes, os wearables, gadgets para uso pessoal que podem monitorar sinais do organismo do usuário — devem servir de suporte para a aprendizagem. Simultaneamente, cursos de ensino a distância, já disseminados pelo mundo, vão se expandir e agregar novas tecnologias, como assistentes virtuais e redes sociais para aumentar a interatividade nas aulas.
Em entrevista ao site
de VEJA, a diretora do estudo, Samantha Becker, afirma que os avanços
tecnológicos, ainda que não disseminados em todas as universidades do
mundo, pautarão as discussões do setor nos próximos cinco anos. "Na
América Latina, algumas tecnologias, como a impressora 3D, podem demorar um
pouco mais para chegar ao ensino superior. Assim mesmo, acreditamos que os
educadores precisam tomar conhecimento dessas inovações para preparar
estretágias de uso em sala de aula."
Ao contrário do que
possa parecer, os avanços não pretendem substituir o professor – ao menos na
valiosa tarefa de ensinar, diz Becker. As chamadas salas de aula invertidas,
por exemplo, são apontadas como tendência que deve chegar às universidades no
ano que vem. Nesse modelo, o professor assume o papel de parceiro na
aprendizagem e curador de conteúdos, enquanto o aluno pesquisa temas em casa: o
tempo de sala de aula é usado para resolver problemas em conjunto, ampliando o
aprendizado colaborativo – outra tendência apontada pelo estudo.
Becker reconhece que
ainda há resistência por parte de alguns docentes às tendências apontadas pelo
estudo. "Infelizmente, muitos professores não têm a chance de receber um
treinamento adequado para usar a tecnologia em sala de aula. Eles precisam
entender como ela se encaixa no sistema educacional e como pode ser usada para
fornecer conhecimento ao aluno", diz.
As tecnologias usadas
para rastrear os hábitos dos usuários nas redes também são apontadas pela NMC
como tendência para os próximos anos. Segundo o estudo, experiências recentes
mostram que elas podem ajudar os professores a entender melhor a atividade
on-line dos alunos e, com base nisso, modificar suas estratégias de
aprendizagem e avaliação. Nesse contexto, os estudantes também produziriam seus
próprios conteúdos para serem usados nas aulas – e não apenas como produto
final da aprendizagem, como é feito hoje.
"Estamos vendo
uma mudança de padrões em que estudantes deixam de ser consumidores de conteúdo
e passam a produzi-los. O ensino ganha muito com isso, pois quando os alunos
incorporam em seu aprendizado ferramentas que eles já conhecem e estão
habituados a usar, como aplicativos para tablets, eles sentem que participam do
processo acadêmico."
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