Por Mariana Mandelli, do Todos Pela Educação
Ler placas, número do ônibus, pedir documentos, pagar contas no caixa eletrônico. Essas, como tantas outras do chamado mundo letrado, são tarefas simples do cotidiano. Simples, apenas para aqueles que dominam plenamente duas habilidades básicas: ler e escrever.
Ler placas, número do ônibus, pedir documentos, pagar contas no caixa eletrônico. Essas, como tantas outras do chamado mundo letrado, são tarefas simples do cotidiano. Simples, apenas para aqueles que dominam plenamente duas habilidades básicas: ler e escrever.
Segundo
a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a taxa de analfabetismo entre
pessoas com 15 anos ou mais caiu de 9,7% em 2009 para 8,6% em 2011, totalizando
12,9 milhões de brasileiros. A maior proporção ainda é verificada na Região
Nordeste: 16,9%. Ainda de acordo com a Pnad 2011, 96,1% dos analfabetos do país
têm 25 anos ou mais. Mais da metade deles se concentram na faixa acima de 50
anos.

Especialistas
em alfabetização ressaltam que ser analfabeto ou analfabeto funcional na idade
adulta tem raízes na ausência ou na ineficiência da Educação Básica. Eles
afirmam que o compromisso no letramento das crianças é, principalmente, da
escola. “A partir do momento que elas passam a ter contato com a língua
escrita, é dever da unidade de ensino ensinar a ler e escrever”, afirma o
coordenador de desenvolvimento de pesquisas do Centro de Estudos e Pesquisas em
Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Antonio Batista. “É um momento
curricularmente previsto. A alfabetização é a base de tudo e é surpreendente
que tanta gente ainda não tenha entendido isso.”
Maria
do Rosário Longo Mortatti, professora titular da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), campus de Marília, e presidente da Associação Brasileira de
Alfabetização (ABAlf), destaca que o acesso ao mundo da leitura e escrita
tornou-se, no decorrer do século XX, um direito subjetivo do cidadão. “Quanto
mais se demora para trazer o prazer da leitura para a vida de uma pessoa, mais
doloroso é esse processo. Não pode ser uma tarefa pesada”, explica ela, que,
assim como Batista, destaca que esse é um papel da escola.
“Será
que a escola não poderia enfatizar que ler e escrever é prazeroso e que é algo
que permanece na vida de uma pessoa após o término dos estudos? Alfabetização
tem a ver com a formação de um ser humano completo, é uma característica da
condição humana.”
Dificuldades
Entre as dificuldades enfrentadas por um adulto que, quando criança, não foi alfabetizado plenamente, está o acesso a textos mais complexos, como os demandados em cursos de nível superior, exemplifica a professora Maria do Rosário. “Não basta formarmos alunos alfabéticos: temos de formar leitores e autores”, sintetiza.
Entre as dificuldades enfrentadas por um adulto que, quando criança, não foi alfabetizado plenamente, está o acesso a textos mais complexos, como os demandados em cursos de nível superior, exemplifica a professora Maria do Rosário. “Não basta formarmos alunos alfabéticos: temos de formar leitores e autores”, sintetiza.
O
processo, segundo Bia Gouveia, coordenadora de projetos do Instituto Avisa Lá,
parte de uma Educação Infantil de qualidade, quando se oportunizam boas
interações e a criança tem contato com os primeiros saberes culturais. “Isso
tudo ajuda o aluno a entrar no Ensino Fundamental com um corpo de conteúdos e
algum reconhecimento de linguagens”, afirma. Segundo ela, desde o primeiro ano
dessa etapa de ensino, o aluno deve ser incentivado.
Bia
ainda afirma que muito do que é feito na escola hoje não tem conexão prática
com a realidade dos alunos. “Quando sai da escola, eles encontram diversos
tipos de texto e artigos dos quais não conseguem fazer uso, o que prejudica a
sua participação social”, explica. “O que vai acontecer é que esse estudante
apode se tornar alguém que não se comunica bem oralmente, por escrito e em
grupo, sem conseguir expressar e defender corretamente seus desejos e ideias e
sem ser um usuário competente da língua.”
Dessa
forma, segundo ela, a relação do indivíduo com a realidade, por meio da
cultura, do mercado de trabalho e das informações disponíveis – como as
jornalísticas, por exemplo – fica defasada. Regina Scarpa, consultora
pedagógica da Fundação Victor Civita, concorda.
“Estar
alfabetizado é cada vez mais necessário para se conquistar uma cidadania plena,
uma vez que vivemos em meio a relações complexas e diversificadas – inclusive
por meio da tecnologia. Navegar na internet, participar de uma rede social e
até sacar dinheiro de um caixa eletrônico se tornam tarefas difíceis. Quando a
pessoa finalmente consegue ler e compreender o que aparece na tela, a sessão já
expirou”, exemplifica. “Não ser alfabetizado é uma restrição à vida.”
http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/11/22/brasil-ainda-tem-129-milhoes-de-analfabetos-segundo-ibge-2/
http://portal.aprendiz.uol.com.br/2012/11/22/brasil-ainda-tem-129-milhoes-de-analfabetos-segundo-ibge-2/
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