Há
quase 100 anos a família De Franco se dedica ao ensino da caligrafia. Eles já
tiveram mais de uma escola na capital paulista - hoje, apenas uma unidade
continua funcionando. Mas, será que em um “mundo cada vez mais conectado”, em
que crianças interagem logo cedo com tablets e computadores, alguém ainda se
preocupa em ter uma boa letra? Em meio a pilhas de exercícios de caligrafia, a
resposta para o professor Antônio De Franco Neto é sim.
“Eu
considero a tese de substituição da escrita pelas teclas do computador um erro
crasso. Se isso acontecer e daqui a dez anos faltar o computador, as pessoas
não vão saber nem segurar uma caneta”, afirmou De Franco. “A pessoa se comunica
ou falando ou escrevendo. Quem tem uma letra feia, tem 50% da sua comunicação
prejudicada”, completou.
Segundo
o professor, a escola tem uma média de 1.000 alunos por ano. Ele estima que
pelo menos metade dos estudantes são vestibulandos: “Uma letra bonita, não que
vai melhorar a nota, mas faz com que o examinador tenha um entendimento melhor
da capacidade do vestibulando. Um professor com três mil provas para corrigir
não vai poder se dar ao luxo de tentar interpretar o que a pessoa quis dizer”,
afirmou.
Pessoas que costumam prestar concursos
públicos, conhecidos como concurseiros, também estão entre os interessados nas
aulas. “Como eu faço muito concurso, sentia falta de uma letra melhor. Sempre
pensei em fazer o curso, mas deixava pra lá. Minha letra é muito feia, precisei
tomar um pouco de vergonha na cara”, contou Karen Sato, 34, funcionária
pública, que começou as aulas de caligrafia há menos de um mês e já sente
diferença na escrita.
O estudante Rodrigo Alves, 13, que está na 7ª
série, teve sua primeira aula de caligrafia no dia 28 de agosto. “Ele reclamou
que a professora dava nota baixa porque não entendia a letra dele”, contou
Lidia Alves, 50, mãe do aluno. Ela acredita que antigamente as escolas davam
mais atenção para a caligrafia e diz que por mais que “exista o computador, a
escrita é eterna”.
Curso por correspondência
Além das aulas presenciais, também é possível
fazer o curso de caligrafia por correspondência. Para De Franco, esse é um
exemplo de que a tecnologia, ao invés de acabar com a escrita, pode auxiliar no
seu ensino. “A tecnologia favorece a interação entre as pessoas. No curso a
distância, o primeiro contato é feito pela internet. Depois o material é
enviado pelo correio e volta para correção”, disse o professor.
Fonte: UOL - Educação
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